Lobista Fernando Baiano diz que entregou R$ 4 mi em escritório de Cunha

vemvercidade 26 Abr, 2016 23:03 - Atualizado em 26 Abr, 2016 23:04
Fernando Soares, o Fernando Baiano, durante a CPI da Petrobras na sede Justiça Federal
Reprodução/internet Fernando Soares, o Fernando Baiano, durante a CPI da Petrobras na sede Justiça Federal

O lobista Fernando Antonio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, afirmou nesta terça-feira (26) que entregou pessoalmente cerca de R$ 4 milhões em espécie a pessoas ligadas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O dinheiro teria sido pago pelo lobista Julio Camargo.

Baiano fez a declaração em depoimento à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, que está analisando processo contra Cunha. O lobista foi convocado como testemunha indicada pelo deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo que pede a cassação do mandato do presidente da Câmara.

Fernando Baiano disse que Camargo lhe devia R$ 16 milhões segundo suas contas, mas acordou o pagamento de R$ 10 milhões. Cunha o teria ajudado a cobrar a dívida. Em troca, Baiano afirma que repassaria parte do valor para a campanha de Cunha. Inicialmente repassaria 20% do valor recebido, mas esse montante teria sido aumentado para 50%. O dinheiro teria sido entregue a um funcionário do presidente da Câmara, em um escritório no Rio de Janeiro, a pedido de Cunha.

Os valores teriam sido pagos em cinco ou seis vezes, segundo o lobista, entre 2011 e 2012. Baiano ainda disse que teriam ficado R$ 3 milhões pendentes entre Camargo e Cunha, além dos R$ 4 milhões, mas que ele não sabe se foram pagos posteriormente. 

Baiano afirma que se encontrou mais de dez vezes com Cunha, entre reuniões no escritório e na casa do presidente da Câmara. 

O lobista afirma que não tratava o repasse como propina nas conversas com Cunha, mas que sabia que era ilícito. "Que é propina, é. É vantagem indevida. É propina", disse em seu depoimento.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados investiga Cunha por suposta quebra de decoro parlamentar - teria mentido à CPI da Petrobras no ano passado, ao negar que tivesse contas secretas no exterior. O presidente da Câmara pode até ter o mandato cassado.

Baiano, porém, disse não saber se Cunha teria contas no exterior. "Sempre o pagava em espécie, e nunca fiz depósitos em contas fora do país." 

Por meio de sua assessoria de comunicação, o presidente da Câmara disse que  "a alegação é antiga, sem provas, integra a denúncia do STF (Supremo Tribunal Federal), e foi desmentida com contundência pela defesa do deputado".

No começo da sessão, o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), anunciou que não poderiam ser registradas imagens de Baiano. Segundo Araújo, a medida foi resultado de um acordo com os advogados da testemunha, que fizeram o pedido.