O MURO DO IMPEACHMENT

Um maldito muro se ergue! A barreira sinistra leva o nome de Muro do Impeachment e foi provisoriamente construída em frente ao Congresso Nacional como medida de segurança para evitar possíveis confrontos entre manifestantes contra e a favor do impedimento da presidente Dilma, cuja votação acontece hoje na Câmara dos Deputados. 
Todo muro tem uma função prática: segregar pessoas e/ou ideias. 
Antes mesmo de se estabelecer em Brasília, o tal muro parecia já ter se consolidado simbolicamente entre os brasileiros, dividindo a população. As ordinárias palavras de ordem antagônica, como COXINHA X PETRALHA, acanalharam a discussão política e fez polarizar o país. Um clima de ódio pairou no ar e se abrigou no coração de muitos, tudo graças a um simbólico muro, que não é de cimento armado, mas constituído de duas visões políticas que não se conciliam por meio do diálogo. 
O muro existe e não está somente em Brasília, está separando muita gente que antes era unida por laços mais fortes, como a amizade e a afinidade de ideias.
De minha parte, esse muro não tem vez. Não vai me separar dos amigos e das pessoas que admiro, ainda que estejam do outro lado do muro.
Sim! O muro existe e não podemos negar esse lamentável fato. Existe um muro. E eu não estou em cima dele! Estou do lado esquerdo do muro. Sim! Do lado esquerdo do muro, torcendo para que os amigos que estejam do lado direito não me tomem por inimigo, posto que amizade – se verdadeira – resiste à frieza dura dos muros. 
Poderia eu, querendo não “desagradar” aos amigos do outro lado, ocultar a minha posição política, não revelando aqui nas redes sociais a minha contrariedade ao impeachment - que foi claramente forjado e não dispõe de consistente respaldo jurídico e constitucional. Mas faço questão de mostrar a minha posição. Acho importante. Me orgulho dela.
Sim, amigos! O muro existe. Não sou eu quem o está criando. Bem sabem vocês que esse muro maldito não é ficção minha (antes fosse). 
Está se erguendo cada vez mais firme, separando pessoas.
E o pior é que muitos estão dando liga a este monstro monumental. Em sua constituição não há tijolo nem cimento. É de ódio e intolerância que se faz o muro. Material para a construção do muro não está faltando: o ódio instilado, a repulsa ao pensamento divergente, a nossa facilidade em ser manipulados, o esquecimento dos traumas politicos que tivemos, a simpatia às ideias conservadoras e retrógradas, tudo isso são ingredientes para a construção do muro que se agiganta cada vez mais. 
Eu temo pelo muro. E quem é que não vai TEMER?

Por Epitácio Carvalho.