Cidade baiana tem tripla infestação provocada pelo Aedes Aegypti

vemvercidade 12 Fev, 2018 17:15 - Atualizado em 12 Fev, 2018 19:31 Do Correio*

Se morar numa cidade com altos índices de dengue, zika e chikungunya é algo que ninguém quer, imagine, então, no único município da Bahia que passa por uma epidemia simultânea dessas três doenças, classificadas como arboviroses por serem transmitidas por insetos – neste caso, o temido mosquito Aedes aegypti.

Esse é o drama dos 19 mil residentes em Coaraci, no Sul da Bahia, e a manicure Maria Augusta Silva Sales, 26 anos, conhece bem. “Três pessoas da minha família – um sobrinho, uma tia e um cunhado – tiveram dengue e foi um sufoco. Tenho muito medo de pegar também, e busco tomar cuidados para não deixar água acumulada”, disse.

Coaraci, que na linguagem indígena tupi-guarani significa “cidade do sol”, aparece no relatório anual de arboviroses da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) como a única cidade baiana de 2017 em que o coeficiente de incidência de arboviroses foi maior ou igual a 100 casos por 100 mil habitantes.

“Dessa forma, o município de Coaraci apresenta uma tríplice epidemia, considerando parâmetro do Ministério da Saúde”, afirma a Sesab no relatório divulgado esta semana.

Em 2017, a cidade notificou 20 casos suspeitos de zika, 75 de Dengue e 26 de chikungunya. No ano anterior, foi pior: 191 notificações de zika, 200 de dengue e 18 de chikungunya, atendidos no Hospital Geral de Coaraci, de baixa complexidade e que era estadual - a unidade foi municipalizado em 2012. A unidade possui 100 leitos.

Panorama estadual

Na Bahia, em 2017, foram notificados 2.588 casos suspeitos de zika, 10.423 de chikungunya e 9.283 casos prováveis de dengue. O coeficiente de incidência ficou em 17 casos/100 mil habitantes para a zika, de 68,6 casos/100 mil para a chikungunya e de 61,1 casos/100 mil moradores para a dengue.

Ainda segundo o relatório de 2017 da Sesab, 108 municípios não notificaram casos das três arboviroses. A macrorregião Extremo-Sul foi a mais atingida pelas três arboviroses no período, concentrando 43% dos casos notificados no Estado. As macrorregiões Leste e Sul foram responsáveis por 16,4% e 11,9% dos casos, respectivamente.

As maiores epidemias recentes de dengue na Bahia ocorreram em 2009, com 123.637 casos notificados, e 2013, quando houve 83.453 notificações. Em relação à dengue, os casos notificados em 2017 representam redução de 85,5%, quando comparado ao mesmo período do ano de 2016, quando foram notificados 63.979 casos.

A Sesab não informou sobre a quantidade de notificações que foram confirmadas após exames, tanto em relação a Coaraci quanto aos outros municípios da Bahia. Em Coaraci, a Prefeitura declarou que foram confirmados dois casos de dengue e dois de chikungunya, sem registro de mortes relacionadas às arboviroses.

Dados da Coordenação de Vigilância Epidemiológica de Coaraci, apontam que em 2017 o Índice de Infestação Predial estava no nível de alto risco pelo Ministério da Saúde, chegando a 9,4 em agosto, 7,4 em outubro e 5,6 em dezembro.

Panorama nacional das arboviroses

Dengue – Em 2018, até 20 de janeiro, foram notificados 9.399 casos prováveis de dengue em todo o país, uma redução de 44% em relação ao mesmo período de 2017 (16.860). Em relação ao número de óbitos, foram 13 no ano passado e nenhum até 20 de janeiro deste ano. Também caíram os registros de dengue grave e com sinais de alarme. Foram confirmados 3 casos de dengue grave em 2018, queda de 88% em relação a 2017 (25). Já o número de casos com sinais de alarme teve redução de 88,1%, passando de 230 para 26 neste ano. No país, a região Sudeste apresentou o maior número de casos prováveis (4.066 casos; 43,3%) em relação ao total do Brasil. Em seguida aparecem as regiões Centro-Oeste (2.481 casos; 26,4%), Norte (1.056 casos; 11,2%), Nordeste (914 casos; 9,7%) e Sul (882 casos; 9,4%).

Chikungunya – Em 2018, foram registrados 1.505 casos prováveis de febre chikungunya, o que representa uma taxa de incidência de 0,7 casos para cada 100 mil habitantes. A redução é de 70,7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 5.135 casos. Em 2018, houve 1 óbito confirmado laboratorialmente. Em 2017, no mesmo período, foram 8 mortes confirmadas, o que indica uma redução de 87,5%. A região Centro-Oeste apresentou o maior número de casos prováveis de febre de chikungunya (603 casos; 40,1%) em relação ao total do país. 

Zika – Até 20 de janeiro deste ano, foram registrados 131 casos prováveis de zika em todo país, uma redução de 92% em relação ao mesmo período de 2017 (1.640). A incidência passou de 0,8 em 2016 para 0,1. As regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte apresentam as maiores taxas de incidência: 0,2, casos/100 mil hab. e 0,1 casos/100 mil hab., respectivamente. Em relação às gestantes, foram registrados 40 casos prováveis, sendo cinco confirmados por critério clínico-epidemiológico ou laboratorial.