Crise, falência de UPPs, banalização de fuzis, violência na folia: veja motivos que levaram à intervenção federal no RJ

vemvercidade 17 Fev, 2018 11:42 - Atualizado em 17 Fev, 2018 11:51 Do G1 BA
Ministro chefe do gabinete de segurança da Presidência Sergio Etchegoyen ao lado do ministro da Defesa Raul Jungmann
Foto: Evaristo Sa/AFP Ministro chefe do gabinete de segurança da Presidência Sergio Etchegoyen ao lado do ministro da Defesa Raul Jungmann

A intervenção do Governo Federal na segurança pública do Rio de Janeiro começou a ser planejada há pouco mais de um ano. Em várias ocasiões, a ideia foi rechaçada pelo governador Luiz Fernando Pezão. Militares do Ministério da Defesa, ouvidos pelo G1, contam que a decisão já estava tomada e que havia um plano para ser implementado a qualquer momento. As imagens de violência durante o carnaval carioca foram a gota d'água.
A lista de problemas que levaram à intervenção é extensa, de acordo com especialistas e militares:

  • fracasso das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs);
  • calamidade financeira;
  • expansão da milícia;
  • corrida armamentista do tráfico

Problemas que foram amplificados pela crise financeira e política, seguidas das prisões do ex-governador Sérgio Cabral e do presidente do MDB no RJ e então presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), o deputado estadual Jorge Picciani, envolvidos em um gigantesco esquema de corrupção, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato no estado.

Na quinta-feira (15), no Palácio do Planalto, diante do presidente Michel Temer, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Sérgio Etchgoyen, apresentaram o plano ao governador Pezão. O general Walter Braga Netto foi anunciado como o escolhido para ser o interventor.

Retomada da Violência 

A criminalidade cresce de forma constante desde 2016 no estado do RJ. O ano da Olimpíada do Rio marca também a derrocada da política de segurança pública baseada na retomada do controle territorial pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Em outubro, o responsável pela implantação desse projeto, José Mariano Beltrame, pede exoneração do cargo de secretário de Segurança depois de afirmar várias vezes que os esforços não eram suficientes para combater o crime no estado.

Os sinais, no entanto, já estavam presentes. O número de mortes violentas e roubos de rua no estado do RJ já tinha aumentando dois anos seguidos após 2012, e o roubo de carga se tornava uma das modalidades preferidas dos traficantes para conseguir recursos.

Em 2017, o número de mortes violentas no estado chega a 6.731, um aumento de 44% em apenas cinco anos, desfazendo a redução temporária provocadas pelo aumento do efetivo policial e as UPPs.