Fisioterapeuta denuncia violência obstétrica durante o parto em hospital de Santaluz

vemvercidade 06 Fev, 2024 06:00 - Atualizado em 06 Fev, 2024 18:07

A fisioterapeuta Priscila Alves usou as redes sociais para denunciar ter sofrido violência obstétrica, quando deu à luz a seu primeiro filho, Vicente, neste domingo (4), na cidade de Santaluz, na região sisaleira da Bahia. As informações são do Portal do Casé


De acordo com Priscila, a última ultrassom tinha sido realizada às 11h do último sábado (3), atestando perfeita saúde do bebê. Nesse mesmo dia, entrou em trabalho de parto, com 38 semanas, e foi internada no Hospital Municipal Santaluz, por volta das 21h40. Às 7h do domingo (4), estava sentindo fortes dores e sentindo-se fraca. Segundo ela, a dilatação vaginal não alcançou 10 cm.


Além disso, a bolsa teve que ser estourada manualmente para induzir o trabalho de parto. "Eu só ouvia que teria que ter o bebê, que [Conceição do] Coité não tinha vaga e nenhum hospital da redondeza. Sofri violência obstétrica. Pedi diversas vezes para me transferirem para um parto cesáreo e não fui atendida. Me tiraram a felicidade de receber Vicente nos meus braços. Cuidar e dar muito amor", denunciou, ao Portal do Casé.


Priscila considera que tudo poderia ter sido evitado, e acusa o hospital de negligência. Para além disso, divulgou nas redes sociais o áudio de uma técnica em enfermagem que, segundo Priscila, debochou de todo sofrimento que ela vivia naquele momento. "Se depender dela, tu vai passar o ano aí", diz, na gravação.


"Não foi apenas essa técnica quem disse isso. Outras pessoas falavam coisas semelhantes. Como se eu não estivesse colaborando para meu filho nascer. Eu só queria sair daquela situação bem e com meu filho", afirmou. A fisioterapeuta descreveu a vivência do parto como "horrível" e que o deboche dos funcionários do Hospital Municipal de Santaluz ficou marcado nela.


"Ouvia piadas o tempo inteiro. Diziam que eu não queria fazer força. Eu pedia para mudar de posição e eles não me ajudavam, me olhavam com deboche. Ironizavam tudo o tempo inteiro", relembrou.


Vicente seria o primeiro filho de Priscila e do marido dela. Ele nasceu sem vida, por volta das 12h30 do domingo (4), por meio de uma cesárea de emergência que aconteceu em uma clínica, que fica atrás do Hospital Santaluz.


"Eu soube na hora que meu filho estava morto. Eu já sentia. Quando eu fui transferida, estava sentindo dor sem intervalo. Meu bebê estava em sofrimento. Foi mais de 1h para me regularem para uma clínica que fica atrás do Hospital. Esse tempo custou a vida de meu filho. Se tivessem me ouvido tudo isso poderia ser evitado", complementou a fisioterapeuta.

Priscila pouco teve contato com Vicente. "Eu só o vi, já verde, e o médico tentando reanimar. O hospital não tem UTI. Eu procurei manter a calma para evitar que minha pressão subisse para eu não ser vítima, também".  


Depois de tentarem reanimar o bebê sem sucesso, Vicente foi levado ao encontro da mãe. "Ele estava todo arrumadinho, mas sem vida. Não consegui pegar porque estava tremendo e sob efeito ainda da anestesia. É uma tristeza enorme. Era o sonho de meu marido ser pai".


Priscila ressaltou ainda que, depois de todo o episódio, o hospital apenas mandou uma assistente social ao encontro dela. "Nem o atestado de óbito deram ainda. Procurei nas redes sociais o prefeito da cidade e manifestei minha indignação. Muitas pessoas me procuraram dizendo que passaram pela mesma coisa. Só que eu resolvi falar", declarou. O chefe do executivo municipal, Arismário Barbosa, é médico.


Nos prints enviados a reportagem, Priscila relata o episódio na rede social do prefeito Arismário. "Irei apurar a situação e tomarei as devidas providências. Não tenho palavras para expressar ou amenizar a situação. A única coisa que posso afirmar é que tomarei providências e que sinto muito por tudo", relata o prefeito.


O Hospital Municipal de Santaluz é administrado pela Fundação Terra Mãe, que ainda não se manifestou sobre o caso.