'Foi terror, todo mundo se jogando no chão', conta funcionária de lanchonete que viu tiroteio na BR-324
O tiroteio intenso e a correria dos policiais que parou a principal rodovia que corta a Bahia, a BR-324 - onde trafegam, por dia, 41 mil veículos -, na noite desta quarta-feira (13) também assustou quem trafegava pelo local. O confronto que deixou quatro mortos e um policial ferido obrigou motoristas e passageiros e buscarem abrigo. A funcionária de uma lanchonete que fica próxima ao local do conflito contou que muita gente tentou se abrigar no estabelecimento e que os policiais orientavam para que elas deixassem os veículos, que ficaram presos em um engarrafamento.
“A gente atendeu aqui uma caravana de evangélicos que estava indo pra uma igreja, umas 20 ou 30 pessoas, que o carro foi todo alvejado de balas, mas graças a Deus ninguém se feriu”, contou. Uma família que estava num carro de passeio — uma senhora e dois jovens — também se abrigou no restaurante. A situação deixou os funcionários e quem estava nos carros apreensivos. "A polícia mandou virem pra cá. Foi terror, todo mundo se jogando no chão", contou.
Uma das pessoas que saiu de um veículo na tentativa de se proteger da troca de tiros foi a faxineira Maria de Fátima Ricardo Senna, 35 anos, que retornava para Cruz das Almas, onde morava, em uma van da prefeitura. Após vir a Salvador visitar a ex-sogra, que está internada no Hospital Geral Roberto Santos, a faxineira foi baleada ao sair do carro que ficou no meio do fogo cruzado.
Em um áudio divulgado através do aplicativo WhatsApp, uma pessoa chorando relata que Maria de Fátima tinha sido atingida. O áudio é atribuído ao motorista da van da prefeitura de Cruz das Almas. "Meu Deus do céu, a mulher que tava comigo levou um tiro. É a da Sapucaia", diz o áudio, se referindo ao distrito onde Maria de Fátima morava.
Na manhã desta quinta-feira (14), a funcionária do restaurante voltou a acompanhar momentos de tensão. Desde o início do dia, a Força-Tarefa da Secretaria de Segurança Pública (SSP), junto com equipes de grupamentos da Polícia Militar, se posicionou no local da troca de tiros em busca dos foragidos. De acordo com a SSP, são pelo menos oito os procurados.
Antes das 6h, houve explosões de bombas no matagal próximo ao local onde houve a troca de tiros na noite desta quarta-feira. Mas a busca ficou ainda mais tensa por volta das 12h30. Quando apenas uma van estava no local com cerca de dez policiais do Bope da PM, outros agentes que montavam guarda em frente a um galpão, à beira da rodovia no sentido Feira de Santana, pediram reforço.
"O pessoal chamou porque viu uma movimentação de pessoas por lá", disse o major Rodrigues, do Comando de Policiamento Especializado do Polo Industrial (Cipe-Polo). Armados de fuzis, policiais atravessaram a pista em frente à lanchonete e cercaram um galpão. Guarnições da Cipe-Polo, do COE da Polícia Civil e policiais à paisana também chegaram para dar apoio e fizeram incursões no matagal próximo ao prédio, com o apoio de um helicóptero do Graer, que sobrevoou o local por alguns minutos e chegou a pousar três vezes nas imediações do galpão.
Após o cerco, ocorreram duas explosões e pelo menos três tiros no local. Cerca de 30 minutos depois, o Graer deixou o local e os policiais afrouxaram o cerco. Boa parte das viaturas saiu da frente do galpão e mais duas retornaram à lanchonete, onde montam guarda deste a noite desta quarta-feira. No entanto, segundo o major Rodrigues, ninguém foi encontrado. "Quando perceberam a nossa aproximação, saíram. São profissionais", disse o major.
Questionado sobre a possibilidade de os fugitivos terem passado a noite no mesmo local do tiroteio, o major disse não descartar a possibilidade de que haja alguém ferido nas imediações. Ainda assim, ele afirmou que o cerco vai permanecer no local até que os fugitivos sejam localizados.
Por volta das 13h30, policiais do Cipe-Polo voltaram a fazer incursões no matagal em frente ao local onde houve o tiroteio e ao redor do galpão. Eles buscam os fugitivos desde a noite da última terça-feira (12), quando os bandidos furaram um bloqueio e depois trocaram tiros com a PM na Estrada das Cascalheiras, em Camaçari.
Correio24 Horas