Paraplégica por manter gravidez é promessa na Paralimpíada

vemvercidade 05 Set, 2016 23:52 - Atualizado em 05 Set, 2016 23:57
Mônica Santos é abraçada pela filha Paolla
Márcio Rodrigues / MPIX/CPB Mônica Santos é abraçada pela filha Paolla

G1

Mônica tinha 18 anos quando soube que estava grávida. Em meio à alegria pela maternidade, veio o susto. Uma fraqueza até então inexplicável nas pernas foi atribuída à descoberta de um angioma medular. Ouviu dos médicos que o aconselhável seria interromper a gestação para evitar que a lesão pressionasse ainda mais a medula, o que poderia causar até tetraplegia. A gaúcha contrariou a recomendação e assumiu o risco. Deu à luz Paolla, e posteriormente se submeteu à cirurgia para a retirada do angioma. Perdeu o movimento das pernas, mas pôde carregar a filha nos braços.


Me tornei cadeirante em 2002 por opção. Eu estava com dois meses de gestação quando tive um angioma medular e optei por ter a neném e ficar paraplégica. Não foi uma questão religiosa. Foi uma questão humana. Acho que, se cada um tivesse um pouquinho mais de humanização, o país estaria bem melhor. No momento eu nem pensava em ser contra aborto ou a favor. O fato é que eu queria ter um bebê, ali era uma vida, e eu não queria tirar aquela vida. Acho que era um ser humano desde o momento que estava ali batendo o coraçãozinho – disse Mônica.


Ela, que à época jogava futebol, não perdeu o ímpeto competitivo com a maternidade. Pelo contrário. Procurou esportes adaptados e fez vários testes. Se arriscou na natação, no tênis de mesa e no tiro esportivo. A bola da vez era o basquete em cadeira de rodas quando conheceu Jovane Guissone, que usava a modalidade para aprimorar a forma física. Ele, na verdade, era um expoente da esgrima em cadeira de rodas e em 2012 se tornaria o primeiro campeão paralímpico do Brasil no esporte, mais precisamente na espada, categoria B.


Apresentada às armas brancas, Mônica descobriu um caminho a trilhar como atleta profissional. Em um ano foi convocada para a seleção brasileira permanente e logo firmou-se como principal atleta feminina do país. Nas competições nacionais, como a Copa Brasil, é um dos trunfos do Rio Grande do Sul – as disputas são por representação dos estados da federação. Em torneios internacionais, ela também deixou sua marca. Sagrou-se bicampeã do Regional das Américas, garantindo a vaga para a Paralimpíada do Rio. Atualmente é a 19ª do ranking mundial do florete categoria A.


Nas arquibancadas, dentre tantos torcedores, estará Paolla apoiando a mãe. A esgrima em cadeira de rodas terá competição de 12 a 16 de setembro, sempre na Arena Carioca 3.