Pichação em Santaluz: manifestação legítima ou vandalismo?

vemvercidade 14 Dez, 2016 17:47 - Atualizado em 14 Dez, 2016 23:16
Pichadores fazem questionamentos em muros da cidade.
Foto: Adriano Reis/Vem Ver Cidade Pichadores fazem questionamentos em muros da cidade.

Santaluz tem visto suas paredes serem ocupadas, cada dia mais, por diversas formas de intervenção. Os conhecidos “pixos” estão se espalhando pelas ruas, tomando novas formas e ocupando espaços do centro da cidade com mensagens carregadas de atitude, no entanto, até onde as mensagens não ultrapassam a tênue linha do vandalismo ao tentar difundir essas ideias?

O pixo gera controvérsia desde a grafia da palavra: “com X ou CH?” até a os efeitos visuais causados por sua aplicação. Esta é uma questão polêmica, que é exatamente a intenção dos pichadores que buscam gerar discussão, ocupar espaços públicos, chamar a atenção da comunidade com uma mensagem forte e impossível de ser ignorada. 

Pichação é usada para protestar contra o preconceito (Foto: Vem Ver Cidade)

Nas decadas de 60, 70 e 80, a grafitagem e a pichação surgem como formas de expressão artística e protesto daqueles que não compactuavam com a sociedade tradicional. Essas pessoas, ocupando espaços urbanos que antes se encontravam abandonados (edifícios ou blocos condominiais), instalaram verdadeiras sociedades alternativas, contrárias às políticas da época. Foram nesses centros, inclusive, que começaram a nascer e ganhar força muitos grupos que difundiam ideais anarquistas. Em Santaluz, os pichadores veem utilizando frases poéticas, questionadoras ou textos de cunho político em seus "pixos".

 Pixos estão espalhados por muros da cidade. (Foto: Vem Ver Cidade)

Apesar de a pichação e a grafitagem serem práticas existentes há muito tempo nas sociedades humanas, desde a antiguidade, ainda são diversas e controversas as formas como as pessoas caracterizam essa prática -, que seja uma manifestação artística ou vandalismo, vem crescendo  e ganhando força como forma de manifestação e protesto.

(Foto: Vem Ver Cidade)

Pichação pode configurar crime

O crime contra o patrimônio público é aquele em que se pratica uma ação que atinge propriedades da União, do Estado ou do Município. Segundo prevê o Artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9605/98, pichar ou poluir uma edificação ou monumento urbano pode resultar em detenção de três meses a um ano, além de multa. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção e multa.