Polícia do RJ matou 8 mil pessoas na última década, diz ONG

nondasjr 07 Jul, 2016 22:02 - Atualizado em 07 Jul, 2016 22:03

Um relatório divulgado nesta quinta-feira (7) pela ONG Internacional Human Rights Watch indica que a Polícia Militar do Rio de Janeiro matou mais de 8 mil pessoas na última década. O número oficial de homicídios cometidos pela polícia – que chegou a mais de 1.300 em 2007 e havia caído para 400 em 2013 – voltou a crescer no ano passado. Pelo menos 645 pessoas foram mortas por PMs em serviço no ano de 2015.


Já neste ano, segundo os dados da ONG, foram registrados 322 homicídios cometidos por policiais militares entre janeiro e maioDurante supostos confrontos reportados entre 2013 e 2015, houve cinco vezes mais mortos pela PM do que feridos – na avaliação da ONG, o contrário do que se poderia esperar nessas situações. Em 2015, para cada policial morto em serviço no Rio de Janeiro, a polícia matou 24,8 pessoas, mais que o dobro do que na África do Sul e três vezes a média dos EUA.


Execuções


A Human Rights Watch também afirma que, em 64 casos, encontrou provas de que policiais procuraram encobrir casos de uso ilegal da força letal. Segundo autoridades do sistema de Justiça local, um grande número de confrontos relatados por policiais no estado nos últimos anos foram de fato execuções. Estatísticas oficiais reforçam essa conclusão.


Quase todos os 64 casos foram relatados como  confrontos pela polícia. Todavia, em pelo menos 20, laudos necroscópicos demonstraram que as vítimas foram baleadas à queima-roupa. Em outros casos, depoimentos de testemunhas e outros exames periciais indicaram que não houve confronto.


“O que a gente vê nessas estatísticas é que uma parte desses confrontos que são reportados pela polícia não existiram. Não é possível que você tenha um confronto e só pessoas de um lado morrem e você não faz nenhum ferido”, disse o pesquisador César Muñoz.


Para a ONG, existe um consenso entre as autoridades públicas de que uma parte dessas mortes são execuções. “Por exemplo, o Procurador Geral do Rio de Janeiro, Marfan Martins Vieira, falou para nós que grande parte dos confrontos são simulados”, afirmou Muñoz.


Do G1, no Rio de Janeiro