Polícia suspeita que falha mecânica pode ter causado acidente que matou enfermeiras

vemvercidade 12 Abr, 2017 18:00 - Atualizado em 12 Abr, 2017 18:20 Acorda Cidade

O delegado Sérgio de Araújo Vasconcelos, titular da delegacia de Coração de Maria, informou que a Polícia Civil vai investigar o que pode ter motivado o acidente que matou quatro enfermeiras e deixou uma ferida na manhã da última segunda-feira (10), na BR-101.

Segundo ele, a suspeita é que tenha sido falha mecânica, já que não houve choque com outro veículo e a sobrevivente do acidente relatou boas condições de visibilidade e de tráfego, além da condutora ter experiência no trajeto.

“Esse acidente aconteceu na BR-101, na área que pertence a Coração de Maria, e por isso vai ser investigado pela polícia do município, pois foi um acidente com morte violenta e a gente tem que saber a causa. Instauramos o inquérito e vamos apurar. Foi feita a perícia no local do acidente e através dessa perícia vamos, possivelmente, identificar a causa. Não está descartada a possibilidade de uma falha mecânica, já que de acordo com a fala da sobrevivente não houve nenhuma causa exterior que tivesse provocado o acidente”, afirmou. 

De acordo com Sérgio de Araújo Vasconcelos, através da perícia será possível saber se realmente houve uma falha mecânica. Ele informou que o laudo pericial vai ser confeccionado pelo Departamento de Polícia Técnica e que a polícia tem um prazo de 30 dias para concluir o inquérito.

A enfermeira sobrevivente Isis Góes Matos do Prado será convidada para prestar depoimento, assim como outras pessoas que prestaram socorro às vítimas.

Isis relatou ao site Acorda Cidade os momentos que antecederam o acidente, de acordo com a sobrevivente, tudo foi muito rápido. Isis conta que a amiga Rosely dirigia o veículo, ela estava no banco do carona e as demais colegas estavam no banco de trás, todas usando o cinto de segurança. A enfermeira negou a informação de que a amiga teria tentado se desviar de um caminhão ou realizar uma ultrapassagem. Segundo ela, a pista estava livre e a estrada tranquila.

“Eu lembro que era uma reta e por algum motivo que eu não sei explicar, o pneu do lado direito dianteiro saiu um pouco da pista, foi para o acostamento e aí ela rapidamente tentou retornar para a esquerda, quando voltou o outro pneu sofreu um pouco mais de impacto, por conta do desnível entre a pista e o acostamento. Foi nesse momento que a gente percebeu que ela estava perdendo o controle do veículo e depois desse momento eu não lembro mais de muita coisa a não ser das pancadas”, recordou.

De acordo com Isis Prado, Rosely ainda tentou retomar o controle do volante. Ela diz que não se lembra se o carro rodou e capotou ou os dois. “Eu também fiquei ali no impacto do movimento. Lembro que foi instantâneo quando o carro parou e logo no mesmo segundo o pessoal que estava próximo veio me socorrer. Me lembro só que me tiraram e como eu estava pendurada no cinto eu não olhei pra trás, eu não tinha como enxergar porque levei pancada no rosto”.

Isis acredita que as colegas morreram durante o capotamento. “A gente escutou as vozes delas antes, na hora que Rose estava perdendo o controle e, quando o carro parou, eu não escutei mais a voz de ninguém. O rapaz que prestou socorro perguntou se tinha alguém bem, alguém vivo, e nenhuma delas respondeu”.

Há dois anos e meio, segundo Isis, ela fazia o percurso para Alagoinhas, mas junto com as colegas há apenas um mês e meio a dois meses. Ela afirma que revezava com Rosely para nenhuma se cansar demais. Ainda de acordo com Isis, ela só ficou sabendo da morte das amigas horas depois no hospital.

“Só depois que eu estava lá e comecei a perguntar muito por elas, aí eles me contaram. Conversávamos sobre as coisas do trabalho, mas eu não acho que não foi a conversa, porque não estávamos numa conversa tão eufórica, a ponto da pessoa se distrair. Ela tinha muita experiência no volante”, enfatizou, acrescentando que no momento em que o carro derrapou na pista, não ouviu barulho de pneu estourando, não chovia e não havia buracos no local.

Emocionada, a enfermeira Isis Prado afirmou que está se recuperando bem, porém ainda sente algumas dores no corpo. “O físico eu estou melhorando, estou sentindo algumas dores, mas sei que isso vai ficar bem. Agora, o emocional, estou orando e pedindo a Deus, com o apoio da minha família, porque se eu disser que estou bem, estarei mentindo. Foram minhas quatro amigas que se foram num piscar de olhos. Pra mim é muito difícil”.