SUS vai oferecer medicamento como prevenção ao HIV

vemvercidade 25 Mai, 2017 11:26 - Atualizado em 25 Mai, 2017 11:34 Do R7
Segundo o Ministério, o investimento inicial será de R$ 6,2 milhões
Reprodução Segundo o Ministério, o investimento inicial será de R$ 6,2 milhões

O Ministério da Saúde anunciou, nesta quarta-feira (24), que o Sistema Único de Saúde passará a adotar o procedimento conhecido como PrEP — Profilaxia Pré-Exposição — para populações com maior risco de infecção pelo HIV. A profilaxia pré-exposição consiste na utilização do medicamento antirretroviral Truvada em pessoas não infectadas, antes mesmo que elas sejam expostas ao vírus. O Brasil vai ser o primeiro país da América Latina a utilizar essa estratégia como política de saúde pública, de acordo com o ministro Ricardo Barros.

— É importante ainda que a camisinha continue sendo usada como forma de prevenção.

Estudos com adolescentes

Começa em julho em três capitais o primeiro estudo brasileiro para avaliar entre adolescentes o uso da PrEP (Profilaxia Pré-exposição), medicamento que poderia reduzir o contágio de HIV. Feito em parceria do governo brasileiro com a organização Unitaid, o trabalho pretende avaliar a eficácia do tratamento entre jovens de 15 a 18 anos integrantes do grupo de maior risco, como garotos gays e bissexuais e mulheres transexuais. Os estudos feitos até agora avaliaram o impacto da profilaxia em adultos.

A pesquisa será conduzida em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. Segundo a diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, afirmou que dois mil adolescentes serão acompanhados.

— O estudo vai observar vários pontos: a adesão do grupo ao tratamento e, sobretudo, os efeitos que o uso contínuo do medicamento pode apresentar na população dessa faixa etária.

Pesquisas feitas até o momento indicam que a PrEP tem efeitos colaterais limitados entre adultos, como náuseas e, em alguns casos, alterações da função renal.

— Mesmo diante da constatação do risco da alteração na função renal, não foi recomendada a interrupção do tratamento, por causa da proteção apresentada.

O que pesquisadores vão avaliar nessa nova etapa é se essas reações se repetem na população mais jovem.

— Mas, da mesma forma que adultos, a recomendação é de que as demais estratégias de prevenção não sejam interrompidas.

Isso significa não abandonar o uso de camisinha, fazer testes periódicos para HIV e, eventualmente, o uso da terapia pós-exposição, recomendada quando a pessoa enfrentou uma situação de risco de contágio, como relações sexuais desprotegidas.

Os estudos apontados até agora indicam que a estratégia é válida para os grupos considerados de maior risco. No Brasil, são registrados 0,4 casos de HIV a cada 100 mil habitantes. Em alguns casos, no entanto, a taxa é mais expressiva, como pessoas que se prostituem e homens gays e bissexuais. Embora o risco seja alto entre dependentes químicos, a PrEP não será ofertada para o grupo.

— Isso será feito de forma indireta. Caso o profissional do sexo faça uso de drogas, o tratamento será ofertado.
De acordo com Adele, dependentes químicos não foram incorporados por falta de estudos específicos com essa população.

Início em seis meses

A distribuição do medicamento antirretroviral pelo SUS deve se iniciar em aproximadamente seis meses após a publicação do Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas, que está prevista para a próxima segunda-feira (29). Para ter acesso ao medicamento, os pacientes passarão por uma avaliação de vulnerabilidade e contextos de vida, explica Barros. A estimativa é de que 7 mil pessoas sejam beneficiadas.

Ainda segundo o Ministério, o investimento inicial será de R$ 6,2 milhões (US$ 1,9 milhão), para a compra de 2,5 milhões de comprimidos — quantidade que supre a demanda de um ano de tratamentos.