Aplicativo auxilia no combate ao racismo na Bahia; saiba como funciona

vemvercidade 20 Nov, 2018 19:12 - Atualizado em 20 Nov, 2018 19:18
A ferramenta oferece informações para auxiliar o usuário a identificar casos de racismo e possibilitará mais agilidade e segurança para o cidadão relatar os casos.
Divulgação A ferramenta oferece informações para auxiliar o usuário a identificar casos de racismo e possibilitará mais agilidade e segurança para o cidadão relatar os casos.

A população da Bahia ganhou um novo canal para denunciar casos de racismo sofridos ou testemunhados. O aplicativo Mapa do Racismo contém informações que permitem que o usuário identifique casos de racismo e faça a denúncia, de forma anônima, sobre discriminação racial, intolerância religiosa, injúria racial e racismo institucional.

A ferramenta oferece informações para auxiliar o usuário a identificar casos de racismo e possibilitará mais agilidade e segurança para o cidadão relatar os casos. A iniciativa é do Ministério Público da Bahia (MP-BA), especificamente do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis), coordenado pela promotora de justiça Lívia Vaz, e do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (Caodh), coordenado pela promotora de justiça Márcia Teixeira.

Além de dar acesso a notícias sobre a temática, o novo aplicativo, lançado no dia 19,  fará o mapeamento de dados georreferenciados, conforme explicou a coordenadora do Gedhdis.

Mapa do Racismo
"A iniciativa é pioneira no âmbito do Ministério Público brasileiro e permitirá que o MP-BA oriente a nossa atuação a partir dos dados georreferenciados, por exemplo detectando que um determinado município possui alto índice de registros de intolerância religiosa em que o MP daquela comarca poderá agir preventivamente, implantando políticas públicas para o local", disse ela.

O aplicativo, com download gratuita, pode ser encontrado em dispositivos dos sistemas Android ou iOS

Para a militante do movimento negro e deputada estadual eleita Olívia Santana (PCdoB), a iniciativa, aliada aos trabalhos culturais do Novembro Negro, fortalece a autoestima e mostra que a população tem um desafio enorme pela frente.

App contém informações que permitem que o usuário identifique casos de racismo e faça a denúnciaApp contém informações que permitem que o usuário identifique casos de racismo e faça a denúncia

"Legítima"
Já o fundador do bloco afro Ilê Ayiê, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, considera "legítima" todas as manifestações que tenham como objetivo falar sobre e combater o racismo e ressalta que as atividades não podem ficar restritas apenas ao mês de novembro.

Segundo Lívia Vaz, a denúncia do usuário vai gerar um registro do órgão com encaminhamento para um promotor de justiça com atribuição na respectiva comarca onde ocorreu o fato. "A partir disso iremos apurar e adotar as providências cabíveis", completou.

Autoestima

"Essas propostas fazem com que a população negra tenha consciência do que ela é, do passado e do racismo na nossa trajetória. Vejo de forma bastante positiva, esse é o caminho. Resulta do nosso trabalho e de muitos que nem estão aqui", disse.

A titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Fabya Reis, classificou que o conjunto de ações é importante para todo movimento negro. "O dia 20 de novembro é extremamente importante para as lutas antirracistas. O mês ganha visibilidade no conjunto de atividades e que representa uma luta do ano inteiro de combate à intolerância religiosa e ao racismo", disse a gestora.

"Temos que trabalhar isso o ano todo. Nós ligamos a TV e não nos sentimos contemplados, assim como no parlamento e em outros locais. Nós, de escolas de bloco afro, trabalhamos com isso sempre, não só em uma data, em um mês. O racismo se combate todos os dias", disse.