Bolsonaro pede votos ao vivo durante culto evangélico em Salvador
O candidato à reeleição falou durante cerca de cinco minutos, por meio de chamada telefônica de vídeo, feita pelo deputado federal Otoni de Paula, do MDB do Rio de Janeiro, que participou presencialmente de encontro na Igreja Batista Filadélfia, no bairro da Caixa D'Água.
O evento foi transmitido nas redes sociais. Bolsonaro destacou que a Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do Brasil e classificou como "monumental diferença" a distância que Lula (PT) conseguiu imprimir no estado, ao conquistar quase 70% dos votos no primeiro turno.
"A diferença de votos foi enorme. Três milhões e meio de votos a mais para o PT. Eu espero, aqui, que reduza essa monumental diferença. A Bahia está praticamente decidindo o futuro que quer para o Brasil. Peçam aos irmãos aí, aos amigos, que trabalhem, convençam pessoas que votaram do outro lado, mostre a verdade pra eles, o nosso João 8:32, se faça presente, pra gente reduzir essa diferença e compensar no restante do Brasil, para que a gente possa obter a vitória" disse o presidente, enquanto sua imagem era retransmitida num telão, no interior da igreja.
"Não queremos a volta ao passado, de corrupção, de descaso, e desgaste, corrosão para com as nossas famílias. É o que eu peço a vocês: empenho, trabalho pra gente diminuir essa diferença na Bahia", cobrou o presidente, que vai visitar o estado na próxima terça-feira, 25. Durante o culto, lideranças evangélicas traçaram como estratégia reverter entre 500 mil e um milhão de votos na Bahia a favor da campanha bolsonarista.
Bolsonaro não fez nenhuma avaliação sobre o cenário eleitoral em torno da disputa pelo governo baiano. Coube ao deputado Otoni de Paula, que também é pastor, revelar que ainda esta semana deverá ser feita uma “convocação nacional de uma guerra cívica única contra o mal iminente de uma possível vitória na esquerda nos estados que ainda têm segundo turno".
A participação da família Bolsonaro em cultos religiosos tem sido cada vez mais comum neste segundo turno, onde o voto é solicitado de forma explícita, assim como os ataques contra a campanha de Lula, acusada, por exemplo, de querer fechar igrejas num futuro governo.
Para combater fake news no campo religioso, Lula lançou também nesta quarta uma carta aos evangélicos, por meio da qual se compromete em continuar respeitando a liberdade de práticas religiosas e o estado laico.
Igrejas não podem pedir votos
O ato de pedir voto dentro de igrejas configura irregularidade, prevista na legislação eleitoral. A lei 9.504, de 1997, proíbe propaganda de qualquer natureza em espaços classificados como "bens de uso comum", e que são objeto de cessão ou permissão do poder público. É o caso de templos religiosos, cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada.
A proibição também se estende quando a ataques a adversários, a chamada campanha negativa, e a multa estabelecida é de R$ 2 mil a R$ 8 mil.
Juristas ouvidos pela reportagem do A TARDE acreditam que o máximo que esses espaços podem fazer em relação ao processo eleitoral é "conscientizar o eleitor da importância do voto", sem indicar preferências.