Governo Bolsonaro sabia do 'iminente colapso' da Saúde no Amazonas dez dias antes, mostra documento da AGU

vemvercidade 18 Jan, 2021 18:33 - Atualizado em 18 Jan, 2021 18:34

O governo federal sabia do “iminente colapso do sistema de saúde” do Amazonas por conta da Covid-19 dez dias antes de a crise estourar, segundo um ofício encaminhado pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ofício assinado pelo advogado-geral da União, José Levi Mello Júnior, relata as providências tomadas pelo governo em relação à crise no Amazonas.

No documento, a AGU diz que o Ministério da Saúde fez reuniões entre os dias 3 e 4 de janeiro com autoridades locais, quando detectou que o sistema de saúde do Amazonas estava à beira do colapso. No dia 14, faltou oxigênio hospitalar no estado, afetando pacientes internados em UTIs. A resposta da AGU foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo.

Desde a semana passada, o Amazonas, sobretudo a capital, Manaus, está às voltas com o desabastecimento de oxigênio medicinal. Já na terça-feira, 12, o governador Wilson Lima afirmou que, só nos estabelecimentos públicos de saúde, a demanda pelo produto tinha aumentado mais de 11 vezes além da média diária de consumo em virtude do crescimento do número de casos da Covid-19.

Principal fornecedora do insumo para o estado, a empresa White Martins afirma enfrentar um “cenário de crise sem precedentes”. A companhia, que até recentemente utilizava apenas metade da capacidade de produção da fábrica de Manaus para atender à demanda regional, elevou de 25 mil m3/dia para 28 mil m3/dia o limite máximo de produção da unidade fabril – o que, segundo a empresa e autoridades, ainda é pouco para atender a demanda que, na quinta-feira, 14, já chegava a 70 mil m3/dia.