Governo foi alertado pelo Ministério Público três dias antes de 'dia do fogo'

vemvercidade 26 Ago, 2019 14:22 - Atualizado em 26 Ago, 2019 14:24 Metro 1
Em resposta ao ofício enviado pelo órgão, o Ibama afirmou que as ações de fiscalização estavam prejudicadas devido a ameaças do grupo responsável pela queimada
Foto: Reprodução Em resposta ao ofício enviado pelo órgão, o Ibama afirmou que as ações de fiscalização estavam prejudicadas devido a ameaças do grupo responsável pela queimada

No dia 7 de agosto, três dias antes do incêndio que se alastrou pela região de Novo Progresso, no Pará, o Ministério Público Federal no estado enviou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) um ofício para comunicar que  produtores rurais pretendiam realizar uma queimada no município como forma de manifestação. As informações são da revista Globo Rural.

O "dia do fogo" foi convocado por mais de 70 pessoas de Altamira e Novo Progresso, entre sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros, que combinaram através de um grupo de WhatsApp incendiar as margens da BR-163, rodovia que liga essa região do Pará aos portos fluviais do Rio Tapajós e ao Estado de Mato Grosso. A ideia era mostrar apoio ao presidente Jair Bolsonaro, que defende um "afrouxamento" na fiscalização do Ibama.

No documento, ao qual a revista Globo Rural teve acesso, o MPF também cobrava um plano de contingência do Ibama em caso de “confirmação do referido evento”. O plano de realizar as queimadas, agendado para o dia 10, foi divulgado pelo jornal Folha do Progresso, de Novo Progresso.

Em resposta, no dia 12 de agosto, o Ibama disse que, embora soubesse do plano, não poderia agir a respeito. O texto informa que "a Coordenação de Operações de Fiscalização e o Núcleo de Inteligência da Superintendência do Pará haviam sido comunicadas sobre a iminência dos incidentes e ressalta que devido aos diversos ataques sofridos e à ausência do apoio da Polícia Militar do Pará”, as ações de fiscalização estavam prejudicadas por “envolverem riscos relacionados à segurança das equipes em campo”.

O documento, assinado por Roberto Victor Lacava e Silva, gerente executivo substituto do Ibama, também destaca que já haviam sido “expedidos ofícios solicitando o apoio da Força Nacional de Segurança”, mas não houve resposta ao pedido.

O MPF do Pará relata que funcionários do Ibama vinham sofrendo ataques por parte de madeireiros e grileiros, sem contar com proteção policial.