Jovem de Santa Bárbara com paralisia cerebral realiza sonho de se formar em Direito
A jovem Helane Miranda, de 24 anos, natural de Santa Bárbara, Bahia, realizou um grande sonho: formou-se em Direito. Diagnosticada com paralisia cerebral atáxica, uma condição que afeta a coordenação e o equilíbrio, Helane enfrentou desafios diários, mas nunca desistiu de seu objetivo. Em entrevista ao site Acorda Cidade, ela compartilhou sua trajetória de superação e seus planos para o futuro.
Infância e diagnóstico
Desde o ensino fundamental, o desejo de estudar Direito esteve presente em seu coração. Com o apoio incondicional da família e muita determinação, ela percorreu um longo caminho até a formatura.
“Minha infância foi como a de qualquer outra criança. Claro, enfrentei o preconceito de colegas que não entendiam minha deficiência física. Alguns faziam piadas, mas, como eu era criança, não me importava. Eu vivia, brincava e estudava normalmente. Acho que minha fase de criança foi bem tranquila”, relembrou Helane durante a entrevista ao site Acorda Cidade.
A paralisia cerebral atáxica, tipo de paralisia cerebral que Helane possui, impacta a função motora, causando tremores, problemas de equilíbrio e dificuldade em controlar movimentos.
“Desde que nasci, percebi que tinha essa deficiência. Minha mãe sempre me levou aos médicos. Comecei com fisioterapia, fiz exames para investigar meu caso, mas nunca apareceu um tratamento que pudesse amenizar ou controlar melhor os movimentos”, explicou.
Principais sintomas
A paralisia cerebral atáxica traz consigo diversos desafios, como dificuldade em controlar os movimentos, tremores, problemas para realizar ações precisas (como escrever ou segurar pequenos objetos), instabilidade no equilíbrio, movimentos trêmulos ou instáveis, dificuldade para se mover rapidamente e problemas com a percepção de profundidade.
O caminho até a faculdade
O desejo de cursar Direito nasceu ainda no ensino fundamental. Após concluir o ensino médio em 2018, Helane se inscreveu no Sistema de Seleção Unificada (SISU) em 2019, com Direito como primeira opção e Jornalismo como segunda. Ela foi aprovada em Jornalismo na Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas, por ter estudado em escola particular, não conseguiu a vaga pelo sistema de cotas.
Em 2020, a jovem tentou um vestibular em outra instituição, onde obteve uma bolsa de 50% para o curso de Direito. Um ano depois, transferiu-se para o Centro Universitário Nobre (Unifan).
Durante o curso, morando em Santa Bárbara, Helane contava com o transporte universitário oferecido pela prefeitura para chegar à faculdade em Feira de Santana.
“Eu começava a me arrumar às 16h, pegava o transporte às 17h e chegava à faculdade por volta das 18h40. Voltava para casa por volta das 23h40. Nesse período, enfrentei dificuldades, principalmente em relação ao deslocamento diário. Às vezes, o ônibus parava um pouco distante, e eu tinha dificuldade para caminhar por longos períodos. Mas nem sempre isso acontecia”, contou Helane ao Acorda Cidade.
“Solicitei que minha sala fosse no térreo para facilitar minha locomoção, mas não precisei de adaptação no ensino”, destacou.
O suporte da família foi essencial para sua jornada. “O apoio incondicional da minha família foi fundamental. Eles me deram coragem e força para continuar”, afirmou.
Agora, formada, Helane tem novos objetivos: passar no exame da OAB, fazer uma pós-graduação e se preparar para concursos públicos.
“Acredito que Deus tem um propósito para minha vida e que minha história pode inspirar outras pessoas a persistirem e terem coragem para seguir em frente. Apesar das dificuldades, sejam pequenas ou grandes, não devemos desistir, pois muitas vezes são elas que nos impulsionam a ir mais longe”, concluiu.
Foto: Arquivo pessoal