Líder quilombola é morta a tiros dentro de terreiro na Bahia
A ialorixá e líder da Comunidade Remanescente de Quilombo Pitanga de Palmares, em Simões Filho, foi assassinada na noite desta quinta-feira (17). Segundo testemunhas, bandidos armados invadiram o terreiro, amarraram pessoas e executaram a tiros Maria Berndete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete.
Segundo uma fonte ligada à vítima, os bandidos fugiram levando os celulares dos familiares. Uma das moradoras do quilombo chegava ao local quando ouviu os tiros e se escondeu dentro de um carro. Ainda não há informações de quantas pessoas estavam no imóvel durante o ataque.
Mãe Bernadete era mãe de Flavio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como 'Binho do Quilombo', que foi assassinado em 2017 dentro de seu carro, em frente à Escola Centro Comunitário Nova Esperança, em Pitanga dos Palmares. Ela estava à frente da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
O ministro de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, lamentou a morte e informou que equipes do ministério vão vir à Bahia para acompanhar o caso.
"Determinei o imediato deslocamento das equipes do @mdhcbrasil até Simões Filho, na Bahia. Expresso minha solidariedade aos familiares e à comunidade", escreveu no X, antigo Twitter.
O governador Jerônimo Rodrigues afirmou, também pelas redes sociais, que determinou que as polícias Civil e Militar fossem de imediato ao local e "que sejam firmes na investigação". Ele disse ainda que outras secretarias do governo devem atuar no caso.
"Deixo aqui meu compromisso na apuração das circunstâncias e um abraço, tanto de minha parte, quanto de Tatiana, à família e à comunidade. Não permitiremos que defensores de direitos humanos sejam vítimas de violência em nosso estado", escreveu.
A Conaq emitiu uma nota de pesar pela morte da coordenadora nacional e cobrou que o Estado garanta proteção às lideranças quilombolas. "A Conaq exige que o Estado brasileiro tome medidas imediatas para a proteção das lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares. É dever do Estado garantir que haja uma investigação célere e eficaz e que os responsáveis pelos crimes que têm vitimado as lideranças desse Quilombo sejam devidamente responsabilizados. É crucial que a justiça seja feita, que a verdade seja conhecida e que os autores sejam punidos. Queremos justiça para honrar a memória de nossa liderança perdida, mas também para que possamos afirmar que, no Brasil, atos de violência contra quilombolas não serão tolerados", diz um trecho da nota.