Merioldes Silva: Conheça a ciência que estuda os motivos que levam ao suicídio

vemvercidade 20 Fev, 2017 12:51 - Atualizado em 20 Fev, 2017 13:13

A área da ciência que se envolve mais diretamente com a investigação dos assuntos ligados ao suicídio, tem o nome de suicidologia, um grupo de estudiosos normalmente composto por psicólogos, psiquiatras, sociólogos, antropólogos, biólogos, historiadores e outros profissionais que se identificam com o tema.

Segundo André Trigueiro, está área da ciência tem mais perguntas que resposta por ser ainda muito nova e não ter encontrado ou identificado uma causa específica e única para o ato suicida, mesmo quando pessoas do senso comum “identifica” uma causa (ex: perda de um emprego, muitas dívidas, perca de um ente querido, desilusão amorosa, etc), para o suicídologo a causa nunca é tão simples é apenas a ponta de iceberg, ou uma peça de um quebra-cabeça que precisa ser montado com a história de vida deste indivíduo, avaliando o contexto onde o mesmo está inserido, sua infância, sua história familiar e socioeconômico, os estresses e abalos emocionais sofridos no decorrer da sua vida, etc. Sempre, junto ao fator preponderante, deve ser investigado outras possíveis causas que estejam interligadas.

Para o "pai" da sociologia o filósofo francês Émile Durkheim (1858-1917):

" A decisão de se matar teria sempre um fundamento social. Seria a expressão individual de um fenômeno coletivo, sustentado por um conjunto de fatores - todos inerentes à vida em sociedade - que predispõem algumas pessoas a interromper a existência. "

Dentre tantas causas estudadas, uma tem chamado muito a atenção dos pesquisadores que é o relato de alguns sobreviventes quando mencionam a falta da sensação de pertencimento, mesmo cercado de “amigos”, não tem uma pessoa específica em quem possa confiar, contar fatos da sua vida sem medo de críticas/julgamentos. Numa sociedade em que as redes sociais “bombam “, mas as relações inter e intra sociais não se desenvolvem a tendência é o indivíduo se sentir só, mesmo quando está cercado de pessoas.

O suicídologo reuni as peças do quebra-cabeça para tentar entender melhor a história de quem tentou ou consumou o ato suicida.

Ainda, segundo André Trigueiro:

“Ainda que haja uma causa preponderante, ela sozinha não explicaria por si só o que aconteceu. “

Dentre os fatores de risco para se efetuar um ato suicida os que mais se destacam são : transtornos mentais (especialmente a depressão), abalos psicológicos (perdas recentes), restrições impostas pela perda da saúde ( doenças incapacitantes) e o uso abusivos de drogas.

Já está comprovado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) a relação entre suicídios e drogas. Estimando-se que entre 15% e 25% dos suicídios no mundo estejam atrelados ao alcoolismo. O estudo da OMS aponta que 40% dos alcoolistas tentarão o suicídio pelo menos uma vez na vida.

Nem toda droga precipita o risco de suicídio, mas é possível afirmar que, sob o efeito de drogas, nos tornamos mais vulneráveis a episódios de suicídio, seja ela lícita ou ilícita.

Entende-se por drogas qualquer substância, natural ou sintética que introduzida no organismo altere suas funções: crack, cocaína, maconha, haxixe, anfetaminas, medicamentos para dormir, ansiolíticos, antidepressivo e outros psicotrópicos que causem mudanças de comportamento, humor e cognição.

No Brasil a "medicamentação da dor" encontra-se em níveis epidêmicos enraizadas.

Citando Trigueiro:

“Busca-se a todo custo o entorpecimento dos sentidos para blindar a dor, a tristeza, a melanconia, o desanimo, a falta de sentido e a sensação de vazio. Almeja-se a solução mecânica, como se fôssemos robôs ou computadores prontos para uma reprogramação instantânea, bastando para isso eliminarmos o “ vírus “ que nos atormenta a existência.”