Merioldes Silva: Conheça a ciência que estuda os motivos que levam ao suicídio

vemvercidade 19 Abr, 2017 14:00 - Atualizado em 19 Abr, 2017 17:24
Alguns estudos relacionam o suicídio a transtornos mentais, dentre eles está além da depressão, a esquizofrenia e o alcoolismo.
Foto Reprodução Alguns estudos relacionam o suicídio a transtornos mentais, dentre eles está além da depressão, a esquizofrenia e o alcoolismo.

A depressão clínica, ou depressão grave está muito associada ao ato suicida, é um dos fatores de risco. Alguns estudos relacionam o suicídio a transtornos mentais, dentre eles estão além da depressão, a esquizofrenia e o alcoolismo.

Para Limongi, todas as pessoas passam por momentos de tristeza, são reações comuns no momento de perdas, lutos, decepções importantes e podem emergir em situações do dia a dia, diferentes da depressão, pelo tempo, e intensidade.

Esse estado, compromete a atividade profissional, afeta o humor, o ânimo, a qualidade e perspectivas de vida; por vezes nem consegue trabalhar, tem dificuldade de concentração, cansaço excessivo e requer tratamento médico e psicológico.

Depressão é um transtorno do humor e segundo Lewis Wolpert, “quando falamos em transtorno do humor podemos também dizer que o “câncer é um transtorno das células”, já que a depressão tem sua base nas sinapses cerebrais (comunicação entre os neurônios) então além de ser um transtorno afetivo, sua base está também na conexão neuronal equivocada”. É patológico (doença), muitas vezes incapacitante e traz sempre muito sofrimento para quem a tem e também para seus cuidadores. Sua causa ainda é desconhecida, até então os estudos mostram que os fatores genéticos, psicossociais e hereditários estão interligados no desencadeamento dos episódios depressivos.

É uma patologia (doença), que é registrada e descrita desde a antiguidade e pode ser encontrada em muitos textos antigos. A história do rei Saul, no antigo testamento, descreve um episódio depressivo, assim como a história do suicídio de Ajax, na Ilíada de Homero. A mais de 400 anos que Sócrates empregou os termos “mania” e “melancolia” para descrever os transtornos de humor e desde então, se usou várias terminologias, sendo que agora, no DSM IV TR, a depressão está descrita nos transtornos do humor.

O humor pode ser normal, elevado ou deprimido, sendo que o que normal para uns de acordo com sua personalidade, pode ser patológico para outros. Não existe uma escala e nem exames laboratoriais para detectar um humor “anormal”, só através de uma anamnese, com a história pregressa do indivíduo.

Sintomas da depressão:

  • Humor deprimido (tristeza), na maior parte do dia, quase todos os dias;
  • Diminuição do interesse ou prazer por atividades que antes eram prazerosas;
  • Ganho ou perda significativa de peso;
  • Não dormir ou dormir demais;
  • Agitação ou retardo psicomotor (redução do controle sobre os movimentos do corpo);
  • Fadiga ou perda de energia;
  • Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;
  • Capacidade diminuída de pensar, ou concentrar-se, ou indecisão;
  • Baixa auto-estima
  • Falta de apetite ou exagero no consumo de alimentos;
  • Sentimento de desesperança;
  • Pensamentos de morte (medo de morrer) ou suicídio;

A depressão esta dividida em depressão leve (distímico e o ciclotímico), que se caracteriza por sintomas menos severos; depressão maior, quando apresenta cinco ou mais sintomas dos citados acima por um período de duas semanas e transtorno bipolar que se divide entre a mania e a depressão.

Para Baptista (apud Freeman e Reinenecke), não é fácil dizer quais os motivos que levam alguém a pensar em suicídio e executá-lo, já que diferentes pessoas podem ter diversas finalidades e motivações com tal ato. Sendo assim, Baptista fala em subtipos de suicidas que são: suicídio desesperado, psicótico, racional, e histriônico ou compulsivo.

“O suicídio desesperado se caracteriza pela intolerabilidade e falta de esperança que a situação oferece ao indivíduo, sendo a fuga/esquiva da situação a maneira avaliada como a mais adequada para resolver os problemas. Geralmente, nestes casos, a decisão é ambivalente, porem a percepção da desesperança, impotência, a crença de que nada podem fazer diante da situação, além da percepção de um futuro sem esperança e pior do que o presente acabam favorecendo o desfecho.

Os suicidas psicóticos seriam pacientes que experimentam alucinações, como por exemplo, os esquizofrênicos, e a recorrência dos episódios, a desmoralização a que são submetidos socialmente e a própria cronicidade da doença, gerando pessimismo e baixa percepção de auto- eficácia, seriam os principais fatores na execução do ato.

Os suicidas racionais geralmente sofrem de doença terminal ou progressiva, e a necessidade de alivio de sintomas físicos e incapacitação seriam os principais motivadores deste grupo de indivíduos, também associados a sintomas depressivos, consequência do estado de saúde.

Por ultimo temos o tipo histriônico, compulsivo ou manipulador que teria como maior motivador o desejo de atenção ou vingança, ao contrário do alivio da situação, desespero ou pessimismo, presente nos grupos anteriores. Neste sentido, por se constituir um ato impulsivo, os profissionais de saúde, familiares e amigos não devem deixar de dar atenção pois a possibilidade do desfecho. No caso do suicídio, não se deve acreditar na máxima que diz “cachorro que late, não morde,” pois muitas vezes, as pessoas que pedem atenção constantemente, consideradas histriônicas, podem realmente chegar a se suicidar.”

Depressão não é preguiça ou falta de força de vontade. É uma doença que precisa ser tratada e os tratamentos dependem do grau de comprometimento, da história familiar e pessoal do indivíduo. Dentre os tratamentos estão incluídos os antidepressivos e a psicoterapia.

A depressão está associada a situações de perca do objeto idealizado, segundo a psicanálise, em linhas gerais “o sujeito esta sempre tentando encontrar um objeto capaz de preencher seu vazio existencial, e elege na categoria de ideal, acreditando que este ideal poderá tamponar sua falha estrutural.” No caso da perda deste objeto idealizado, experimentada pelo abandono, decepção, desapontamento e ou a desilusão, instala-se a depressão, sendo que poderá acontecer com adultos, idosos, jovens, crianças e adolescentes.”

Por: Merioldes Silva