Palocci delata ‘organização criminosa’ que movimentou R$ 333 mi em governos do PT

vemvercidade 15 Ago, 2019 19:56 - Atualizado em 15 Ago, 2019 20:03

Ex-ministro dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rouseff (PT), Antonio Palocci apontou, em delação, uma “organização criminosa” que movimentou de forma ilícita R$ 333,59 milhões, supostamente arrecadados e repassados por empresas, bancos e indústrias a políticos e partidos nos governos dos petistas. Isso teria acontecido entre o período de 2002 e 2014. As informações são do Estadão Conteúdo.

Na delação, Palocci cita grupos como Odebrecht, AMBEV, Grupo Corrêa, Pão de Açúcar, Banco Safra, Casino, Instituto Lula, PAIC Participações, Votorantim, Aracruz, BTG Pactual, Parmalat, Itaú-Unibanco, Bradesco, Vale, Brasil Seguros, BNDES, Sadia-Perdigão, Qualicorp, Touchdown e OAS.

São citados ainda os ex-presidentes Lula e Dilma, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, os executivos Benjamin Steinbruch e Rubens Ommetto, o ex-governador de Minas Fernando Pimentel, o deputado Carlos Zarattini, além da atual presidente do PT Gleisi Hoffman, o ex-deputado João Paulo Lima e Silva, o ex-governador do Acre Tião Viana, o ex-senador Lindbergh Farias, o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho e o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto.

O ministro do supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, decretou a redistribuição das investigações sobre as revelações de Palocci. A delação está sob responsabilidade de Varas da Justiça Federal em Brasília, São Paulo e Curitiba. Parte das declarações foi anexada a inquéritos no próprio Supremo. Um depoimento foi encaminhado ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio. A ordem do ministro do Supremo foi dada em abril.

Fachin se baseia em documentos e manifestações que o Ministério Público Federal apresentou ao Supremo.

As empresas citadas foram procuradas pelo Estadão. A RBS afirmou que "não vai comentar o assunto". O BTG Pactual afirmou que não fez qualquer doação eleitoral no ano de 2006, que jamais gerenciou recursos de qualquer partido político e que tampouco negociou a aquisição da empresa mencionada. Enquanto a Qualicorp afirmou que nunca pleiteou ou obteve qualquer tipo de benefício público e jamais transgrediu a lei. Já o Itaú Unibanco repudiou a tentativa de vincular doações eleitorais feitas de forma legal a supostas condutas para atender a interesses particulares.

O grupo Pão de Açúcar e o Banco Safra e a Camargo Corrêa não se manifestaram. A Vale também repudiou "enfaticamente" qualquer alegação que procure distorcer suas doações eleitorais ou questionar sua legalidade.

A BRF alegou que todas as doações eleitorais que foram realizadas pela empresa em 2010 são públicas e foram devidamente registradas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Bradesco afirmou que realizou doações eleitorais aos partidos, todas elas públicas e devidamente registradas, conforme consta no site do Tribunal Superior Eleitoral.