Suicídio: Ideação suicida, é indicador de uma doença grave

vemvercidade 01 Set, 2017 22:53 - Atualizado em 01 Set, 2017 22:58
Falar sobre suicídio não induz a pessoa a praticar o mesmo;
Foto: Reprodução Falar sobre suicídio não induz a pessoa a praticar o mesmo;

Quanto mais falarmos sobre o tema, diminuiremos as mortes e quebraremos os tabus que existem a cerca desta palavra.

Falar sobre suicídio não induz a pessoa a praticar o mesmo. Quando se fala de maneira clara, o outro se sente mais a vontade para verbalizar a ideação suicida sem medo de critica ou reprimendas.

Muitos profissionais de maneira equivocada, acreditam que a depressão esta sempre atrelada a ideação suicida. Vários estudos desenvolvidos em países diversos, vem mostrando que a ideação suicida esta presente no alcoolismo e na esquizofrenia também, dentre outras patologias e que nem sempre quem esta com depressão esta pensando em se matar.

O comportamento suicida é classificado, com frequência, em três categorias diferentes: ideação suicida, tentativa de suicídio e suicídio consumado. Apesar de haver poucos dados disponíveis, alguns estudos clínicos e epidemiológicos sugerem a presença de um possível gradiente de severidade e de heterogeneidade entre estas diferentes categorias. Assim, num dos extremos tem-se a ideação suicida (pensamentos, ideias, planejamento e desejo de se matar) e, no outro, o suicídio consumado, com a tentativa de suicídio entre estes, o que representa uma morte a cada 40 segundos. Está entre as dez principais causas de morte em todo o mundo, para todas as faixas etárias, e entre as três principais em jovens com idade entre 15 e 34 anos. Nos últimos 45 anos, os índices de suicídio aumentaram 60% em todo o mundo. A falta de consciência sobre o suicídio é o maior problema e um tabu em muitas sociedades que não o discutem abertamente.

Somente poucos países possuem programas de prevenção do suicídio como prioridade.

Em relação aos jovens, os índices de suicídio têm aumentado significativamente, principalmente em países como Austrália, Canadá, Kuwait, Nova Zelândia, Sri Lanka e Reino Unido Este é um dado bastante alarmante, uma vez que o suicídio causa grande comoção social, especialmente quando ocorre na população jovem. Em termos de adolescência alguns autores, realizaram um estudo com jovens entre 15 e 24 anos, demonstrando a incidência de casos de suicídio em onze capitais brasileiras (Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Belo Horizonte, Vitória, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre), entre os anos de 1990 a 2010.

Todas as cidades estudadas apresentaram um aumento de seus índices de suicídio durante esse período. Salvador e Rio de Janeiro tiveram as menores taxas de suicídio, enquanto Porto Alegre e Curitiba apresentaram as maiores.

O suicídio na adolescência torna-se singular, na medida em que, geralmente, nesta fase do desenvolvimento, aparecem sentimentos intensos de baixa autoestima e mesmo quadros psiquiátricos de grande risco. Atitudes de arrogância e enfrentamento, que procuram demonstrar muita força interior, na realidade, podem ser um pedido de ajuda, de limites, de carinho, de expressão de dúvidas e angústias. Os adolescentes podem adotar condutas deliberadamente danosas à sua integridade , como um pedido de socorro não verbalizado.

Para que se possa atuar de maneira preventiva em relação aos comportamentos suicidas é preciso estar ciente e alerta, falar sobre o assunto de maneira clara, sem criticas ou censura, entendendo que existe uma patologia grave por trás da ideação.

Dessa forma, os fatores de risco mais comum são: culturais, sócios demográficos e familiares (traços e suicídio na família, família violenta, mudanças frequentes de humor, pais com autoridade excessiva ou inadequada, pouca comunicação dentro da família, famílias adotivas); estilo cognitivo (humor instável, comportamento antissocial , impulsividade, irritabilidade, rigidez escassa habilidade para resolver problemas, a tendência a viver em um mundo de fantasias de grandeza alternadas com sentimento de frustração, ansiedade excessiva, falta de esperança, isolamento, petulância, sentimentos encobertos por manifestações de superioridade, comportamento provocador, relações ambivalentes com outros adultos ou amigos); perdas (colegas ou namorado(a), morte de familiar, doença física (dor somática); conflitos, problemas de relacionamento de (violência e tramas legais, envolvimento em brigas); traços (depressão, transtornos de personalidade, ansiedade, surtos psicóticos, transtornos de conduta, transtorno borderline, abuso de álcool, prévia de suicídio ou história de comportamento suicida de amigo ou conhecido.

FATORES DE RISCO OU PROTEÇÃO PARA A PRESENÇA DE IDEAÇÃO SUICIDA NA ADOLESCÊNCIA.

Entre os fatores protetores estão a boa relação com os membros da família, o apoio familiar e a confiança em alguém (fatores familiares); boas habilidades sociais, busca por ajuda e conselhos, senso de valor pessoal, abertura para novas experiências e aprendizados, habilidade em comunicar-se, receptividade com a ajuda dos outros e projetos de vida (estilo cognitivo e personalidade); valores culturais, lazer, esporte, religião, boas relações com amigos e colegas, boas relações com professores e outros adultos, apoio de pessoas relevantes e amigos que não usem drogas (fatores culturais e sócios-demográficos); e, por fim, uma dieta saudável, boa qualidade do sono e atividade física (fatores ambientais) .

Cabe destacar que na adolescência, ocasionalmente, podem aparecer ideias suicidas, uma vez que fazem parte do processo de desenvolvimento de estratégias, que acontece na infância e na adolescência, para lidar com problemas existenciais como, por exemplo, compreender o sentido da vida e da morte. A questão torna-se preocupante quando o suicídio passa a ser a única alternativa para suas dificuldades. A intensidade desses pensamentos, sua profundidade, duração, o contexto em que surgem e impossibilidade de desligar-se deles é que são fatores que distinguem um jovem saudável de um que se encontra à margem de uma crise suicida (Conforme alguns estudos, estima-se que de 7 a 40%das crianças e adolescentes da população geral já tiveram, em algum momento de sua vida, uma ideação suicida séria), comparado à frequência em cerca de um terço da população geral, considerando todas as faixas etárias.

A partir disso, salienta-se uma preocupação especial com os jovens da população geral, que podem desenvolver ideias suicidas. A necessidade de avaliar tal questão de forma preventiva envolve, necessariamente, o levantamento dos fatores de riscos e de fatores protetores.

Manifestações que podem indicar uma patologia, crescendo os riscos de problemas emocionais, dentre os quais, os sintomas depressivos e a ideação suicida parecem estar entre os mais preocupantes Para que se possa atuar de maneira preventiva em relação aos comportamentos suicidas é preciso estar ciente e alerta.


Por: Merioldes Silva