Suicídio, um problema de saúde pública em Santaluz e no mundo

vemvercidade 14 Fev, 2017 13:28

Em Santaluz, de acordo com o estudo desenvolvido em 2007, por profissionais do CAPS I, orientado por Dr. William Dunningham, psiquiatra, mestre e doutor na área, se destaca pelo numero elevado de suicidas, por isso a importância deste trabalho, feito por estes profissionais da psiquiatria, residentes da mesma e também da psicologia, já que era um tema que chamava a atenção destes profissionais onde foi constatado que em Santaluz este índice era cinco vezes maior que a media no Brasil. Foi um trabalho de formiguinhas, e este índice tão alto pode estar relacionado a subnotificação que existe em outros municípios.Ficou claro que é um problema de saúde publica e que precisava de mais estudos e programas desenvolvidos para diminuir este índice.

Segundo a Conselheira do CFP Monalisa N. dos Santos Barros, no livro; SUICÍDIO E OS DESAFIOS PARA A PSICOLOGIA, o suicídio é um problema social de grande relevância para a saúde pública, pois tira a vida de mais de um milhão de pessoas no mundo, e que pode ser evitado quando se trabalha com prevenção, sendo complementado pela Dra em Saude Mental , psicóloga Blanca Werlang que  afirma que é de  suma importância se falar no tema suicídio pelo impacto que o mesmo causa “seja em termos numéricos, seja em relação a familiares, amigos ou conhecidos das pessoas que fazem uma tentativa ou ameaçam se matar”.

Outro fator que chamou também a atenção destes profissionais, foi a maneira de cometer o suicídio pelas mulheres:  enforcamento, pois por conta da estética, (mesmo depois de morta a mulher não quer que a vejam feia), elas optam pelo envenenamento (tomar uma dose alta de medicamentos por exemplo), cortar os pulsos, precipitação de lugares altos, afogamento entre outros, mas dificilmente por algo que a desfigurem e no entanto em Santaluz é uma das maneiras escolhidas é o enforcamento, sendo que a taxa de suicídio  entre as mulheres é de 25% e nos homens 75%. Pela classificação da OMS da mortalidade por suicídio, esta população possui um nível alto de suicídio, sendo que foi encontrado também fortes evidencias de que estes suicídios estavam atrelados a transtornos mentais (esquizofrenia e depressão) com eventos variáveis em nível social, psicológico e biológico.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), os transtornos mentais, principalmente a depressão e o, abuso de substancias psicoativas, são responsáveis por 90% dos suicídios. Ainda, o mesmo órgão alerta que a “ocorrência de suicídio e tentativas de suicídio  em crianças, a partir de cinco anos, tem aumentando o que é extremamente impactante, já que pensar que uma criança de cinco anos de idade, que esta em processo de desenvolvimento cognitivo e emocional possa buscar intencionalmente uma alternativa para o seu sofrimento, tirando sua própria vida.”

As intervenções realizadas pela equipe do CAPS, com o intuito de diminuir a incidência de suicídio no município foram: Capacitação com os agentes comunitários já que os mesmos adentram a casa de todas as famílias e era necessário que identificassem falas ou comportamentos suicidas e sinalizassem para a equipe, palestras em igrejas , associações etc com o tema com o intuito de acabar com os mitos existentes. Acompanhamento com familiares e mesmo o cliente que já tivesse tentado suicídio, dentre outros.

O suicida sempre sinaliza, é uma fala relacionada com morte, feitoria de inventario, falas de que se sente um peso para família, de que não deseja mais viver, ou com comportamento, onde procura se isolar, fica mais calado, pensativo, não demonstra alegria com as coisas que antes era motivo de prazer, etc. Quando o desejo não é verbalizado, ele é dito pelo comportamento, nos que nem sempre estamos atentos a estes sinais. Não importa a religião, posição social, financeira, etc, é algo que pode acontecer a qualquer um de maneira consciente ou não.

A cada dois anos acontece em varias capitais do pais, um seminário que é dirigido por religiosos que o tema é: RELIGIÃO E PSICOLOGIA, onde se aborda este tema pela dificuldade que é para as pessoas aceitarem que um pastor, padre, espírita, umbandista, etc, venha a cometer este ato, já que para alguns é “falta de fé”, chegando, em alguns casos a esconder da congregação o ato, pela polemica e trauma que causa em todos.

 O suicídio sempre é um pedido mudo de socorro, mas, por não se discutir o termo por preconceito, ignorância ou mesmo conceitos religiosos, nossos jovens e adultos jovens estão morrendo por não saberem o que fazer com seu sofrimento. “ Sinal de fraqueza, influencia diabólica, falta de fé, desesperança?” Muitos mitos e quase nenhuma verdade.  A mensagem final de um ato suicida é: “Nossa sociedade esta doente.”

Para quem queira se inteirar melhor sobre o assunto, existe o manual que pode ser acessado na internet: Prevenção do Suicídio.Manual dirigido a profissionais

Das equipes de saúde mental. Ministério da Saúde – Brasil. Estratégia Nacional de. Prevenção do Suicídio.  Organização Pan-Americana da Saúde.Universidade Estadual de Campinas. Ministério da Saúde.

Por Merioldes Santos Silva

Psicologa | Colunista

Com Referencias:

}   Cronemberger, GL.;  Pereira, CTD.; Silva, MS.; Dunningham, WA.; Cardoso;, APM. Aguiar, WM.; César, PMM.; Dunningham;VA.; Pinho, SR. Índices de suicídio na cidade de santa luz – bahia. 2009. Santaluz. Bahia.

}  Beck, Aaron T.Terapia Cognitiva da depressão/ Aaron T. Beck, A. John Russh, Brian F. Shaw e Gary Emery;  Trad. Sandra Costa. – Porto Alegre: Artmed, 1997.

}  Fontenelle, Paula: Suicídio: O futuro interrompido: Guia  para sobreviventes. São Paulo: Geração Editorial.2008.