Transtornos diários marcam a vida de cadeirantes em Santaluz

vemvercidade 29 Ago, 2018 19:39 - Atualizado em 29 Ago, 2018 21:08 Da Redação
Cadeirante Paulo Martins.
Foto: Reprodução/Djota Cadeirante Paulo Martins.

O Brasil tem mais de 45 milhões de deficientes, sendo que grande parte com problemas físicos. Em Santaluz, na região sisaleira da Bahia, o radialista Djota postou no seu Facebook um vídeo com depoimentos de três cadeirantes para mostrar que circular pelas ruas da cidade é um desafio, não só pela limitação dos movimentos, mas pelos obstáculos que são colocados no caminho: buracos, falta de estacionamento exclusivo e rampas que até existem, mas são insuficientes, e em sua maioria acabam sendo ocupadas pela falta de educação de alguns motoristas.

Um dos cadeirantes entrevistados no vídeo é o ambulante Marcelino Cardoso, que relata sobre o excesso de buracos e irregularidade nos calçamentos da cidade, além da falta de respeito por parte de motoristas.

Cadeirante Marcelino Cardoso. (Foto: Reprodução/Djota)

“...Tenho dificuldades de andar nas ruas, porque tem muitos buracos, as pedras do calçamento umas são mais baixas que as outras. (...) A cadeira pode enganchar no calçamento e virar para frente, aí a tendência é cair.  (...) Tenho também dificuldade em ir ao comércio, lá tem poucas rampas de acesso, as que existem os carros estacionam na frente”, reclama.

Outro cadeirante que relata os desafios é Paulo Martins, 48 anos (na foto de capa). Ele diz que a acessibilidade da cidade é horrível devido a irregularidade dos calçamentos. 

“Não dá para andar sozinho, fica trepidando e balançando. (...) Outro dia eu sair e quando cheguei em casa a cadeira estava quebrada devido a quantidade enorme de buracos nos calçamentos da cidade.  (...) Nós temos iguais direitos e temos que ser respeitados no trânsito”, postula Paulo.

Quem também enfrenta grandes dificuldades são os deficientes físicos que circulam de carro. É o caso de Marco Aurélio de Lima, que dirige um carro adaptado às suas necessidades. Ele observar inúmeras imprudências e falta de respeito por parte de alguns condutores de carros e motos no trânsito luzense. “(...) Aqui é a faixa de pedestre ninguém está respeitando, motoqueiros passam como se não tivessem buzinas e nem freio, não param não tem atenção, motoristas de carros comentem os mesmos erros, mas não vamos generalizar porque não são todos, mas são pouquíssimos que param, a maioria não para, não respeita o idoso e o cadeirante”, observou.

Marco Aurélio, circula de carro e relata transtornos no trânsito luzense. (Foto: Reprodução/Djota)

“(...) tá faltando também vagas reservadas nos estacionamentos para idosos e deficientes. Depois que fizeram a pista ficaram de colocar e até agora nada. (...) falta rampas, principalmente nos comércios. (...) eu venho cobrando, mas até agora ninguém tomou uma providência. Estamos sem proteção e respeito ao idoso e ao cadeirante também”, desabafa Marco Aurélio.

A reportagem do Vem Ver Cidade entrou em contato com a Guarda Civil Municipal (GCM), para saber das ações de fiscalização do transito local, no que tange as rampas de acessos dos cadeirantes, que de acordo com os relatos nessa reportagem, estão sendo bloqueadas por motoristas. Segundo informações da GCM, inúmeras campanhas educativas foram realizadas nos últimos anos com o intuito de conscientizar a população sobre a importância de sua participação para o bom andamento do trânsito e no respeito a usuários com necessidades especiais. A corporação destaca que o ‘Projeto de Educação e Socialização do Trânsito (Proest) e a campanha ‘Maio Amarelo’ têm apresentado bons resultados.

A reportagem não conseguiu entrar em contato Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, para levar os questionamentos dos cadeirantes sobre os buracos e as irregularidades dos calçamentos da cidade.